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terça-feira, 27 de março de 2012

O Milênio, porque eu creio que já estamos vivendo o Milênio. 1 PARTE

Por. Pb. João Batista
Introdução:
A palavra “escatologia” provém das palavras gregas para “as últimas coisas” (eschatos) e “estudo” (logos), mas precisamos reconhecer que sob a ótica dos escritores do Novo Testamento, os “últimos dias” da história redentiva foram inaugurados pela ressurreição e glorificação de Cristo, e o derramamento do Espirito Santo (At 2.16-21, “os últimos dias”; 1Co 10.11, “o fim dos tempos”; Hb 1.1,2, “nestes últimos dias”; 1Pe 1.20, “nestes últimos tempos”). Um sumario plenamente adequado da escatologia Bíblica precisa considerar o ensino de toda a Bíblia!
Quero focalizar dois fatores essenciais : 1) a instrução que recebemos do Novo Testamento com relação à interpretação correta da profecia do AT, e 2) o ensino do NT referente à segunda vinda de Cristo e os eventos que a acompanharão. Sob esse pano de fundo, veremos então duas passagens consideradas com frequência como de especial significado: Romanos 11 e Apocalipse 20.1-10.
Cristo: O Tema da profecia do Antigo Testamento
No AT existe passagens que falam sobre um tempo vindouro de paz mundial e justiça, uma época quando o templo será reconstruído; o sacerdócio, restabelecido, e os sacrifícios, novamente oferecidos (por exemplo, Sl 72.7-11; Is 60.10-14; Ez37.24-28; 40-48). Os pré-milenaristas insistem que essas passagens devem ser interpretadas “literalmente” (exatamente o que se requer em cada ponto é uma é uma questão debatida entre eles), e que elas se referem às condições que ocorrerão no milênio, o reino milenar que Jesus estabelecerá na terra em sua segunda vinda, com sua capital em Jerusalém, o templo reconstruído, o sacerdócio restabelecido, os sacrifícios de animais novamente oferecidos, e o trono de Davi outra vez erigido. A cada sábado, Cristo, o príncipe, adentrará o tempo pelo portão oriental, enquanto os sacerdotes oferecem em holocausto seis cordeiros sem mancha e um carneiro, como também as ofertas de comunhão (Ez 46).
À medida que lemos o NT, entendemos que os profetas do AT falaram das glórias do tempo messiânico—aquela era inaugurada por Cristo e na qual a igreja agora vive—em termos de sua própria era das bênçãos religiosas do povo de Deus da época da antiga aliança.
Para comunicar ao povo de Deus que vivia sob a antiga aliança, os profetas inspirados pelo Espirito falaram das bênçãos que Deus derramaria sob a nova aliança em termos de imagens tipológicas familiares aos santos da antiga aliança. E com respeito a qualquer tipo—quer seja ele um sacrifício, uma festa, o templo, quer a terra--,quando a realidade é apresentada, a sombra desaparece. E não desaparece para ser restaurada no futuro, mas porque foi cumprida em Jesus Cristo! Vemos no NT o verdadeiro significado de todos os tipos do AT, e a figura central na profecia bíblica é o Senhor Jesus Cristo. Cristo, e não o povo Hebreu, é o tema dos profetas do AT
1. O verdadeiro Israel
O verdadeiro Israel é Cristo. Ele é o Servo sofredor do Senhor, aquele que é—maravilha das maravilhas—o próprio Deus! Retorne, por exemplo, a Isaias 41. Por certo o Santo do AT,
Quando estudava o “cântico do servo” de Isaias, ficava confuso. Comentaristas judeus atuais ficam embaraçados. Ali Israel é chamado por Deus de seu escolhido (41.8,9). Mas, no capitulo 42, versículo 1-7 o Senhor diz algo sobre o Servo: Isaias 42.1-7.
Isso se refere a uma nação que é vista como serva do Senhor, ou trata-se de um individuo, o Messias? Sabemos como esses versículos de Isaias 42 são interpretados nos Evangelhos—como cumpridos em Jesus Cristo. Note, porém, como Isaias prossegue em 44.1,2; 45.4: Leiamos:
Se continuássemos lendo Isaias, veríamos o movimento de um lado para outro e a causa da perplexidade—declarações evidente de que a nação de Israel é a serva do Senhor, mas também sugestões veladas de que o servo é um individuo. Dado que Cristo é o verdadeiro Israel, a verdadeira semente de Abraão, nós que estamos em Cristo pela Fé operação de seu Espirito, somos o verdadeiro Israel, o Israel da fé, e não meros descendentes naturais, Paulo escreve em Gálatas 3.7-9, 26,27,29> Leiamos:
Muitas vezes, ao meditarmos sobre essa maravilhosa verdade, omitimos esse importantíssimo elo, que é o próprio Cristo, na corrente da redenção. Dizemos: “Sim, a nação de Israel era o povo de Deus na antiga aliança. Agora, na nova aliança, a igreja cristã é o povo de Deus”. O texto de Hebreus 8 e 10 apresenta grande dificuldade aos interpretes pré-milenaristas (conduzindo a uma variedade de explicações), porque o escritor cita ali a profecia da nova aliança de Jeremias 31.31-34, e parece dizer claramente que a nova aliança profetizada por intermédio de Jeremias é o melhor porque está fundamentada em melhores promessas, das quais nosso Senhor Jesus Cristo é o mediador (8.6), e que está em vigor agora, trazendo, bênçãos a judeus e gentios. Muitos pré-milenaristas, entretanto, insistem em que essa nova aliança não é cumprida (pelo menos não plenamente) como aliança divina com sua igreja agora, mas será realizada durante o milênio. Por quê? Porque Deus diz em Jeremias (também citado em Hebreus 8.8) que essa nova aliança será feita “com a casa de Israel e com a casa de Judá”. Os judeus, em sua maioria, não estão usufruindo os benefícios da nova aliança agora. Mas não há uma boa razão para nos embaraçarmos com essa passagem. Sim, a nova aliança é feita “com a casa de Israel e com a casa de Judá”. Louvado seja Deus porque em união com o Filho de Deus, o verdadeiro Israel, somos membros dessa casa. O apóstolo Paulo escreve em Filipenses 3.3: “Pois nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espirito de Deus, que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne”.
2. Canaã, a terra prometida.
Aprendemos no NT que Canaã, a terra da promessa, não era senão um tipo da mais plena e rica herança que é de Abraão e de todos os seus descendentes em Cristo: todo o mundo, céus e terra, renovados e restaurados em justiça (2Pe 3.13), como o lar divino da nova raça de homens e mulheres em Cristo Jesus, o segundo Adão.
Em Romanos 4.13, por exemplo, lemos: “Não foi mediante a Lei que Abraão e a sua descendência receberam a promessa de que ele seria herdeiro do mundo [gr. Cosmos], mas mediante a justiça que vem da fé”. Onde, no AT, você encontra a promessa a que Paulo se refere aqui? Em nenhuma parte, se você insistir no sentido literal estrito. Mas você a encontra em Gênesis 17.8 (toda a terra de Canaã [...] darei como propriedade perpétua a você e a seus descendentes”), se você entende que essa é a interpretação apostólica inspirada da promessa do AT que Paulo está nos fornecendo aqui. O ponto a ser lembrado sempre é que essa é uma interpretação apostólica inspirada, oficial e normativa para nós.
3. A santa cidade de Jerusalém
Quando pensamos sobre o que o NT diz com respeito à santa cidade de Jerusalém, o texto de Hebreus 12.18-24 nos vem imediatamente à mente: “Vocês não chegaram ao monte que se podia tocar [...] Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo [...]” Talvez tenhamos lido os versículos 18-21 desse capitulo pausadamente, dando um profundo suspiro de alivio e pensando: “Estou muito feliz por não ir a uma montanha como aquela! Eu muito não poderia possui-la. Essa é uma questão muito séria. Aquela foi uma cena terrível. Fogo, escuridão, nuvens e tormenta; o som da trombeta, a própria voz de Deus, morte para um passo em falso. O próprio Moisés, o líder com quem Deus havia falado face a face, estava com medo”.
Mas se reagirmos dessa maneira, deixamos escapar o ponto essencial do argumento do escritor. Ao continuarmos a leitura (v.22-29), vemos que seu ponto é—se a realidade da experiência inaugurativa da antiga aliança foi tão apavorante e a penalidade por considera-lo levianamente e desrespeitar as advertências do Deus que lhes falou desde o Sinai—era coisa realmente séria, quão mais temível é a experiência do cristão da nova aliança. Maiores ainda serão as consequências eternas de voltar às costas para Deus, o qual revelou-se a si mesmo muito mais plena e claramente em seu Filho, o mediador da nova aliança. Não viemos a uma montanha criada—e isso era tudo o que o monte Sinai representava naquela assustadora ocasião da entrega da nova aliança. Não chegamos ao lugar santíssimo no tabernáculo ou do templo terreno. Viemos ao verdadeiro Lugar Santíssimo, à presença do próprio Deus! Viemos ao trono celestial de Deus, o verdadeiro e eterno monte Sião.
Agora, em certo sentido, estamos ainda esperando pela Jerusalém celestial. “Mas buscamos a [cidade] que há de vir” (Hb 13.14). o dia da consumação, a plena manifestação da Jerusalém celestial, ainda está à frente (Ap 21). Agradecemos, porém, a Deus porque em um sentido preliminar, mas real, chegamos já a essa cidade. “Mas vocês chegaram ao monte Sião, à Jerusalém celestial, à cidade do Deus vivo” (Hb 12.22).
Pense na ênfase de Joao sobre o “verdadeiro” em seu evangelho. Jesus é a videira verdadeira, a verdadeira luz, o verdadeiro pão, o verdadeiro caminho e a verdadeira porta. Jesus é a realidade para a qual apontavam a videira na parede do templo, a luz do candelabro e o pão consagrado no santuário.
Também pense sobre como Paulo fala da verdadeira Jerusalém em Gálatas 4.25,26: “Hagar representa o monte Sinai, na Arábia, e corresponde à atual cidade de Jerusalém, que está escravizada com os filhos. Mas a Jerusalém do alto é livre, e é a nossa mãe”.
Em Apocalipse 14.1, Joao vê o cordeiro “sobre o Monte Sião”. As antigas profecias de Isaias 2.2-4 e Malaquias 4.1-3 de “Muitos povos” de “todas as nações” fluíram para Jerusalém, não serão cumpridas durante o futuro milênio por peregrinações terrenas a uma cidade da terra. Louvado seja Deus porque essa bendita profecia está sendo cumprida agora, quando homens e mulheres de toda tribo de face da terra invocam o nome do Rei de Sião, e se tornam cidadãos da “Jerusalém do alto”, a mãe de todos os que estão em Cristo pela fé. Assim, é significativo que Jesus não leva a mulher que encontrou junto ao poço, do monte Gerizim (lugar onde os Samaritanos adoravam). Antes, Cristo a leva a ele próprio. Observe novamente a ênfase sobre o “verdadeiro” em João 4. 23-26. O verdadeiro templo da verdadeira Jerusalém fornece a água viva e verdadeira. Foi dada ao profeta Ezequiel (Ez 47.9). A visão da água fluindo do templo, do lado sul do altar, de forma que “onde o rio fluir tudo viverá” (4.7). A mulher de Samaria, porém, não recebeu uma visão ou fotografia, mas a realidade. Jesus diz (João 4.10,14): quando pensamos no significado de Jerusalém como a capital divinamente escolhida do povo da aliança, também cogitamos a respeito do trono de Davi e do templo.
4. O reino de Davi
Com relação às promessas feitas a Davi, podemos observar primeiramente que Lucas apresenta a vinda de Jesus como cumprimento dessas promessas (Lc 1.30-33); O reino do filho maior do que Davi deve ser um reino terreno, conforme prometido em 2 Samuel 7.16 e Isaias 9.6. Assim como a promessa a Abraão de uma terra perpétua não pode ser cumprida nesta atual terra amaldiçoada pelo pecado, assim também a promessa de um trono eterno para Davi não pode ser cumprida em nenhum ser mortal.
Continue lendo Lucas e você ficará impressionado com as imagens usadas por Maria (v. 46-55) e Zacarias (v. 67-69) em seus louvores a Deus por sua obra redentora. Veja por exemplo Lucas 1. 52-55, 69-67:
Derrubou governadores dos seus tronos, mas exaltou os humildes.
Encheu de coisas boas os famintos, mas despediu de mãos vazias os ricos.
Ajudou a seu servo Israel, lembrando-se da sua misericórdia para com Abraão e seus descendentes para sempre, como disse aos nossos antepassados.
Ele promoveu poderosa salvação para nós, na linhagem do seu servo Davi (como falara pelos seus santos profetas, na antiguidade), salvando-nos dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam—para mostrar sua misericórdia aos nossos antepassados e lembrar sua aliança, o juramento que fez ao nosso pai Abraão...

Voltando ao livro de Atos, como o apostolo Pedro vê o cumprimento da promessa de 2 Samuel 7. 16? Pela ressurreição de Jesus (veja At 2.31-31):
Esse apoteótico evento redentivo também é visto como cumprimento dos Salmos 2.7; 16.10; e de Isaias 53.3 (At 13. 32-37). Muito instrutivo a esse respeito é o registro do Concilio de Jerusalém. Feito em Atos 15. Lemos ai o relatório missionário que Paulo e Barnabé fizeram sobre sua viagem à Fenícia e Samaria, enquanto falavam perante o conselho de apóstolos e anciãos em Jerusalém (15. 3,4)—um surpreendente número de gentios convertidos por meio de sua pregação. Pedro, lembra à assembleia que em seu ministério também tem visto tanto gentios quanto judeus salvos “pela fé [...] pela graça de nosso Senhor Jesus Cristo” (15. 9-11). Quando Tiago fala (15. 13-21), ele aponta para a profecia de Amós 9. 11,12 como a chave para entender esse surpreendente fenômeno de Graça.
Mas a interpretação “literal” dessa passagem não pode estar correta. Se essa tivesse sido a força da invocação de Amós por parte de Tiago, isso teria feito o argumento do apostolo irrelevante para o assunto em discussão. Nessa interpretação, Tiago declarou ao conselho que eles não deveriam ficar confusos ou perturbados pelo relatório de Simão Pedro acerca dos gentios trazidos a Deus, porque os profetas haviam predito que era exatamente isso o que aconteceria durante o milênio. Um ancião presente nesse concilio poderia muito bem ter respondido: “Está tudo muito certo, Tiago, mas o que estamos buscando é uma compreensão escrituristica do que está acontecendo na igreja agora”.
E é exatamente isso que Tiago diz a eles e a nós pelo Espirito. Ele vê Amós 9. 11,12 sendo cumprido justamente ante seus olhos, por assim dizer. As palavras introdutórias “depois disso” devem ser entendidas a partir da perspectiva do exilio.
Do ponto de vista da percepção a nós provida pela interpretação correta da profecia veterotestamentária, essa passagem realmente é muito importante, pois observa bem o que está acontecendo aqui:
A aplicação profética de Tiago encontra o cumprimento de sua primeira parte (a reconstrução do Tabernáculo de Davi) na ressurreição e glorificação de Cristo, o Filho de Davi, e na constituição de seus discípulos como o novo Israel, e o cumprimento de sua segunda parte na presença de crentes gentios bem como judeus na igreja.
Podemos dizer que Tiago, o irmão de nosso Senhor e principal ancião da igreja de Jerusalém, estava “espiritualizando” a profecia do AT de um modo perigoso ou mórbido? Claro que não. Então como pode tal acusação ser dirigida aos amilenaristas, quando eles buscam compreender a profecia do AT, precisamente da mesma maneira cristocentrica adotada por Tiago? CONTINUA NA PRÓXIMA POSTAGEM!

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